A VISTA ALEGRE
APONTAMENTOS PARA A SUA HISTORIA
POR
J. A. MARQUES GOMES
SOCIO CORRESPONDENTE DO INSTITUTO DE COIMBRA
E DAS SOCIEDADES
DE GEOGRAPHIA DE LISBOA E PORTO
PORTO
TYP. COMMERCIO E INDUSTRIA
22, Rua do Corpo da Guarda, 22
1883
{1}
A VISTA ALEGRE
APONTAMENTOS PARA A SUA HISTORIA
POR
J. A. MARQUES GOMES
SOCIO CORRESPONDENTE DO INSTITUTO DE COIMBRA
E DAS SOCIEDADES
DE GEOGRAPHIA DE LISBOA E PORTO
PORTO
TYP. COMMERCIO E INDUSTRIA
22, Rua do Corpo da Guarda, 22
1883
{2}
{3}
AO SENHOR
Duarte Ferreira Pinto Basto Junior
{4}
{5}
A menos de dois kilometros de Ilhavo e sobranceiraao braço da ria de Aveiro, que liga a chamadaCalle da Villa com o Bôcco, fica a Vista Alegre. Quadrabem este titulo á risonha povoação em que um doshomens mais prestimosos e emprehendedores que Portugaltem conhecido no presente seculo, veio fundar afabrica de porcelanas, que do local toma o nome.
A Vista Alegre como povoação em si, tem tambemcomo o importante estabelecimento que a tornou conhecidatanto no paiz como no estrangeiro, uma historiasua de quem a lenda por mais d'uma vez se apossoujá, deturpando-a.
Não nos cançaremos em lhe procurar a etymologiapois é fóra de duvida que o nome lhe proveio do formosissimopanorama, que a contorna, moldurando-lheo rosto gentil.{6}
Anteriormente á fundação da fabrica, a Vista Alegrenão tinha fóros de povoação, era uma quinta apenas. Umtemplo formosissimo e uma casa modesta que serviade habitação aos proprietarios da quinta, eram os unicosedificios, que ali existiam, e isto ainda no primeiroquartel do seculo XIX.
A fundação d'um tão bello templo, como é o deNossa Senhora da Penha de França, n'um sitio tão ermo,como era a Vista Alegre, fez com que muitos principiassema architectar romances mais ou menos verosimeis.Imaginaram-se desterros e deportações, e bemassim fofo ninho de criminosos amores d'um preladoillustre com uma dama de elevado nascimento e freiraprofessa n'um dos conventos de Lisboa.
Não longe da Vista Alegre, a um kilometro parao sul, fica o antigo logar da Ermida, villa e concelhoaté 1834 a quem D. Manoel deu foral em 8 de junhode 1514. N'esta povoação houve um praso, cuja origemdata de seculos, tendo por cabeça uma grandequinta denominada o Paço da Ermida. Este praso equinta andava no senhorio dos Mouras Manoeis, familiamuito illustre, pois trazem a sua descendencia de D.Branca de Sousa, filha de Lopo Dias de Sousa, grão-mestreda Ordem de Christo.
Alguns escriptores teem confundido a quinta da Ermidacom a da Vista Alegre, e affirmado que foi seuproprietario o bispo de Miranda, D. Manoel de MouraManoel.
Nem a quinta da Vist