[2]Sciscitanti cælestium causas, domesticus
Interpres.
Seneca, Cons. ad Marcian.
O Mundo deve aos Conquistadores desgraças, lagrimas, e lutos; o Mundodeve a Newton verdades, sciencia, e luzes. Se inquietar os homenstem merecido tantas Epopéas, porque não merecerá hum Poema quem illustra,e quem ensina os homens? Ah! se chegará o tempo de se conhecer, quehuma penna he mais util que huma espada! Canta-se com enfasi quemconquistou huma Provincia, e porque não ha de ser cantado aquellede quem se póde dizer, que conquistára a Natureza, obrigando-a, áforça de estudo, e engenho, a revelar seus mais reconditos arcanos?He preciso que conheçamos que o Imperio da Poesia tem limites muitomais extensos do que até agora se julgava; e eu creio que o seu melhoremprego he a contemplação, e a exposição deste sempre antigo, e semprenovo quadro, que se chama a Natureza. A simples intuição de seus prodigios,e o estudo destes mesmos prodigios, dilata, e [4]accende maisa imaginação do verdadeiro Poeta, que todas as chamadas grandes acçõesdos Conquistadores, ou perturbadores da Terra. Se o homem só se devechamar grande, quando he verdadeiramente util aos outros homens, quempoderá pôr em dúvida que os descobrimentos, e as mesmas hypothesesde Newton sejão mais uteis aos mortaes do que as expedições da Cruzada,que derão a materia ao Poema de Tasso? Quem illustra a humanidadehe maior que quem a diminúe. Newton merecia hum Poema, as Musas lhodevião, eu satisfiz esta divida; se a satisfiz bem, a critica o dirá;em quanto aos miseraveis reparos da escura Inveja, prepare-se esta,porque a mesma chamma, que se me desprendeo n'alma para cantar Newton,me obriga a consagrar igual tributo de louvor a Buffon.[5]
Já da Aurora ao clarão suave, e puro
Cedia o campo azul do immenso espaço
D'estrellas recamada a noite umbrosa;
Nuncia do dia, ás lucidas esferas,
Da luz primeira undulações mandava.
Das mãos de neve, e do purpureo rosto
Brancas brilhantes pérolas cahião
No verde esmalte dos rizonhos prados;
De ondas immensas de escarlata, e d'ouro
Era o ceo do Oriente envolto, e cheio;
E pelo espaço liquido dos ares
Os adejantes Zéfyros das azas
Da manhã fresca os hálitos soltavão;
E a vaga turba aligera nos bosques,
Dava o tributo dos primeiros hymnos
Da Natureza ao renascente quadro.
Quasi rompia o flammejante disco,
Que onde soberbo, e vívido fulgura,
Prazer espalha, e graças aviventa,
[6]E mostra em luz envolto o Mundo ao Mundo.
Depondo o pezo do voraz cuidado,
(Amargo pezo da existencia minha!)
Eu no prazer do esquecimento envolto,
E, á desgraça esquecido, então pousava.
Do doce somno em balsamos immerso,
Somno em que mei...BU KİTABI OKUMAK İÇİN ÜYE OLUN VEYA GİRİŞ YAPIN!
Sitemize Üyelik ÜCRETSİZDİR!