CRATES MALLOTES

OU

CRITICA DIALOGISTICA

DOS GRAMMATICOS DEFUNCTOS

CONTRA A PEDANTARIA DO TEMPO,

ESCRITA E PUBLICADA

POR GULIVER

Que chegou ha pouco da outra vida.

Obra taõ divertida como interesante aos curiosos, e amantes do bomgosto.

 

Praeterea, ne sic, ut qui jocularia, ridens
Percurram: quamquam ridentem dicere veruim
Quid vetat?          Horat. Sat. I. do L. I.

 

 

 

 

LISBOA,

ANNO M. DCCC.

Na offic. de Joaõ Procopio Correa da Silva,

Impressor da Santa Igreja Patriarcal.


Com licença da Mesa do Desembargador do Paço.

 

 

 

Non semper ea sunt; quae videntur: decipit
Frons prima multos: rara mens intelligit,
Quod interiore condidit cura angulo.

Phaed. Prol. do L. IV.

 

 {III}

 

AO SR. PANTALEAÕGONÇALVES SALGADO
DAS BARROCAS
ROBERTO GULIVER OBSEQUIOSAMENTE SAUDA.

 

POrque meu avô, que em paz descance, costumava gastar huma boa parte dascompridas noites do Inverno ao seu lume, elogiando muito a pessoa de V. m. efallando sempre no seu prestimo, e cançasso no serviço dos amigos: e tambempela justa paixaõ, a qual, como Portuguez velho, por muitas vias sei, pela suanaçaõ naõ cessa de mostrar: tudo isto me obriga a dar-lhe o incommodo deconcorrer com todos os seus bons officios, para que se imprima o mais breveeste livrinho, parto dos Grammaticos defunctos contra a pedantariado tempo: em o qual livro achará V. m. as verdades maisimportantes, naõ forjadas neste, mas sim no outro mundo, donde ha pouco chegueia salvamento. Naõ quero todavia, que a sua bolsa padeça detrimento; porisso{IV} que o portador entregará 50 librasestrellinas: e, se mais for preciso, mais irá: nem seria necessário tanto, seeu naõ quizesse, que a Ediçaõ fosse em tudo completa, e que se estampassem 6000volumes. Receba pois esta obra, como toda consagrada aos merecimentos da suaveneranda pessoa: e peça-lhe encarecidamente, faça por aqui aprender a ler seusnetos; porque assim, naõ duvido, terá a satisfacçaõ de os ver em sua vida osmelhores doutores; por isso que naõ lhes falta esperteza, do que estou beminteirado. Deos guarde a V. m, muitos annos.

 

Londres 25 de Fevereiro de 1800.{V}

 

PROLOGO.

QUalquer que seja o estado, ó amicissimos Leitores, em que a sórte tenhacollocado o homem, nunca já mais o pode dispensar de Fazer bem aos da sua raça:foi este devêr gravado no coraçaõ humano pelo dedo da propria Natureza; nem taõpouco o Author Supremo lhe permittio a feia liberdade de derribar os alicercesmais seguros da ordem social. Estes motivos, julgo, obrigáram a meu avô a fazersuas viagens a differentes ilhas, donde vos trouxe bellos, e interessantesdocumentos, o

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