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RitaFarinha (Jun. 2009)
BIBLIOTHECA ESCOLHIDA
XXIII
ROMANCE
III
A MORGADINHA DOS CANNAVIAES
Vol. I
CENTRO TIPOGRAFICO COLONIAL
LARGO BORDALO PINHEIRO, 27 E 28
TELEPHONE 2337
JULIODINIZA MORGADINHA
DOS
CANNAVIAES
(CHRONICA DA ALDEIA)
DECIMA-SETIMA EDIÇÃO
LISBOA
J. RODRIGUES & C.a, EDITORES
186―Rua Aurea―188
1920
OBRAS DE JULIO DINIZ
A Morgadinha dos Cannaviaes
Os Fidalgos da Casa Mourisca
As Pupillas do Senhor Reitor
Uma Familia Ingleza
Ineditos e Esparsos
Poesias
Serões da Provincia
Agenda Julio Diniz (registo de anniversarios e lembranças)
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J.Rodrigues &C.a
A MORGADINHA DOS CANNAVIAES
I
Ao cair de uma tarde de dezembro, de sincero egenuino dezembro, chuvoso, frio, açoutado do sul esem contrafeitos sorrisos de primavera, subiamdois viandantes a encosta de um monte por a estreitae sinuosa vereda, que pretenciosamente gosavadas honras de estrada, á falta de competidora,em que melhor coubessem.
Era nos extremos do Minho e onde esta risonhae feracissima provincia começa já a resentir-se,senão ainda nos valles e planuras, nos visos dosouteiros pelo menos, da vizinhança de sua irmã, aalpestre e severa Traz-os-Montes.
O sitio, n'aquelle ponto, tinha o aspecto solitario,melancolico, e, n'essa tarde, quasi sinistro. D'alli aqualquer povoação importante, e com nome emcarta corographica, estendiam-se milhas de poucotransitaveis caminhos. Vestigios de existencia humanararo se encontravam. Só de longe em longe,a choça do pegureiro ou a cabana do rachador,mas estas tão ermas e desamparadas, que mais entristeciamdo que a absoluta solidão.
Não se moviam em perfeita igualdade decondiçõesos dois viandantes, que dissemos.
Um, o mais moço e pela apparencia o de maisgrada posição social, era transportado n'um pouco
[6]esculptural, mas possante muar, de inquietas orelhas,musculos de marmore e articulações fieis; ooutro seguia a pé, ao lado d'elle, competindo, nasgrandes passadas que devoravam o caminho, coma quadrupedante alimaria, cujos brios, além d'isso,excitava por estimulos menos brandos do que
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