O IDEAL MODERNO

BIBLIOTHECA
POPULAR
DE
ORIENTAÇÃO
SOCIALISTA

HABITAÇÕES OPERARIAS

DIRECTORES
MAGALHÃES LIMA
E
TEIXEIRA BASTOS

COMP.A N.AL EDITORA
SECÇÃO EDITORIAL
ADM. J. GUEDES—LISBOA

O IDEAL MODERNO

Habitações Operarias

POR

Teixeira Bastos

LISBOA
SECÇÃO EDITORIAL DA COMPANHIA NACIONAL EDITORA
Administrador—JUSTINO GUEDES
50, Largo do Conde Barão, Lisboa
AGENCIAS
Porto, Largo dos Loyos, 47, 1.º
38, Rua da Quitanda, Rio de Janeiro
1898

HABITAÇÕES OPERARIAS

I

A questão social abrange muitos problemas, sendo evidentemente um dosprincipaes o da habitação. É tal a importancia d'elle, que pertence naactualidade ao numero dos assumptos que chamam mais a attenção, não sódos socialistas, como dos economistas e dos philantropos de todos oscentros da civilisação.

Não se busca a solução definitiva do problema da habitação, a qualdepende, como a de todos os outros problemas sociaes, das transformaçõespor que estão passando as sociedades contemporaneas, em obediencia á leihistorica da evolução; o eminente economista belga, Hector Denis, aindaha poucos mezes, no Congresso internacional das habitações operarias,effectuado na Belgica, demonstrou a necessidade, para se attingir odesejado fim, de uma transformação do regimen da propriedade. O que seespera n'este momento, é encontrar os meios praticos de fornecer aosoperarios, e em geral ás classes menos favorecidas, melhor habitação doque aquellas em que vivem, isto é, casas economicas e hygienicas.

Este problema, que preoccupa ha muito tempo, em todos os paizes, os quese interessam pela questão social, e ainda os que só desejam melhorar oviver dos proletarios, tem sido descurado em Portugal, nomeadamente emLisboa, o nosso primeiro centro operario.

Não ha casas baratas em boas condições hygienicas, casas para gentepobre, habitações para operarios!

Duas vezes por anno, invariavelmente, nos mezes de maio e novembro,ouve-se este clamor, sahido de todos os recantos da cidade, échoando naimprensa e extendendo-se uma ou outra vez até o seio da Camara Municipalde Lisboa ou do Parlamento.

Passados, porém, os dias 25 de maio e 25 de novembro,—dias em que osinquilinos teem de pagar aos senhorios a renda de uma casa, da qual sócomeçam a gosar 36 dias depois, anticipação esta que vae por vezes até41 dias, porque muitos senhorios exigem agora a renda no dia20,—passados esses dias, para os pobres frequentes vezes de tristeza elagrimas, o clamor que se ouvia distinctamente, esmorece e extingue-se,para reapparecer mezes depois, com a mesma intensidade e, em quantoscasos, com augmento de razão.

Desconsolador queixume!

Com effeito, a gente pobre, o proletariado, não encontra casas salubres,alegres e confortaveis.

Percorram-se em Lisboa os bairros onde de preferencia residem osoperarios, como, por exemplos a Alfama, esses restos immundos da cidadevelha1, ou a freguezia de Santos-o-Velho, algumas ruas em que seaccumula uma parte consideravel da população laboriosa; e o que se vê?

Pocilgas infectas e nauseabundas, sem ar, sem luz do dia, nem as maissimples condições de hygiene, exhalando cheiros deleterios, em ruasestreitas, tortuosas, onde, raras vezes, ou por poucos instantes, entraum raio de sol!

E vive-se alli?

Vive-se e soffre-se! E o que é mais e muito peor, procria-se!Multiplicam-se as gerações na miseria e no vicio, n'essa agglom

...

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