[1]

FOLHAS CAHIDAS,

APANHADAS NA LAMA,

POR

UM ANTIGO JUIZ DAS ALMAS DE CAMPANHAN,

E

SÓCIO ACTUAL DA ASSEMBLEA PORTUENSE,

COM EXERCICIO NO Palheiro.


OBRA DE QUATRO VINTENS,

E DE MUITA INSTRUCÇÃO,




PORTO:

TYPOGRAPHIA DE F. G. DA FONSECA,

Rua das Hortas n.º 152 e 153.


1854.

[3]

EU.

Saibam todos quantos virem


Este publico instrumento,


Que surgiu mais um poeta


Nos aloques do talento.


Não pertenço á mocidade,


Que fechou sem caridade


Da velhice a pobre tumba.


Não sei palavras d'estouro,


Nem descanto em lyra d'ouro:


Minha lyra é um zabumba.



Eu, sou eu. Juiz das Almas,


Nos bons tempos, que lá vão,


Conheci que tinha uma


Como poucas almas são...


Campanhan! terra dos saveis!


[4]

Que doçuras inefaveis


Tens nos teus prados amenos!


Ai! Maria da Cancella!...


Cada vez que fallo n'ella,


Sou Petrarcha... em fralda, ao menos!



Dai logar á catarata


D'uma lagrima que rola


Pelas faces, como orvalho


A aljofrar uma papôla,


Respeitai a desynth'ria


Desta enferma poesia,


Que resiste á Revalenta!


Braz Tisana

, esse que diga,


Em que estado anda a barriga


Da Musa, nos seus outenta!



Deixai que um velho recorde


Aureos sonhos infantis!..


Campanhan, mansão das fadas


Onde estão tuas houris?


Ledas brisas que brincaveis


Entre as pestanas dos saveis,


Lindos saveis de coral!


Onde estaes, em que paues


Murmuraes, auras tafues,


Vosso hymno angelical!


[5]


Raios palidos da lua


Alta noute, em ceo d'anil,


Já não são os que argentavam


Estes lagos de esmeril!


Nem é este o pulcro savel


Que me deu sorriso afavel


D'entre os verdes salgueiraes!


Nem aqui meu peito anceia


Os carinhos da lampreia


(E outras asneiras que taes).



Quando eu era o mago enlevo


Das fadas de Campanhan,


Apanhava a borboleta,


Que doudejava louçan.


E, por tardes d'almo estio,


Lá nas margens do meu rio


Vi delicias de encantar....


--Pyrilampos, suspirando,


Qual Camoens suspira arfando


Os estos do seu penar.



Ai! trovas da minha aldeia,


Que saudades me doeis!


Doçuras da minha vida,


Quando eu cantava os reis!


Viola d'Antonio Pinto,


[6]

Onde estás, que inda cá si

...

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