CONTINUAÇÃO DO

PORTUGAL ENFERMO

POR VICIOS, E ABUSOS

DE AMBOS OS SEXOS.


PART. II


DEDICADO AO SENHOR

JOSÉ LUIZ GUERNER,

CONSUL DE S. M. SICILIANNA,

POR

JOSÉ DANIEL RODRIGUES DA COSTA,

ENTRE OS PASTORES DO TEJO

JOSINO LEIRIENSE

 

 

LISBOA:

NA IMPRESSÃO REGIA.

ANNO 1820


Com Licença.

 

 

 

{II}

Em louvor do Autor, hum Genio dado ás Musas, bem conhecido, e muitoapplicado, mandou o seguinte

 

MADRIGAL.

Musa, (disse eu á gentil Clio hum dia)
    Pois que ao jovial Josino
A palma déste da immortal Poezia,
    Mimoso Dom Divino,
Com que louva a virtude, o vicio prostra,
E aponta as causas, e os effeitos mostra
    Da decadencia nossa;
    Dá-me tambem, que eu possa,
Cantando o Vate, que do Ceo nos veio...
    «Basta (me torna Clio);
Suas obras, e não louvor alheio,
    São o seu Elogio.»
                     Campelo.

{III}

 

 

 

 

Chama-se a isto hum

PROLOGO.

Curioso Leitor, ou Ouvidor, que não te escandalizo neste segundo nome,porque tambem he de lugar de letras, consta este Folheto da Segunda Parte dePortugal Enfermo por vicios, e abusos: continúa na mesma critica, na mesma boamoral, e com a costumada jovialidade. Mas se ainda assim mesmo achares esteFolheto sem sal, dá-lhe alguma desculpa; porque foi acabado agora, e por issovai muito fresco. Primeiro que o publicasse, fui consultar (como costumo emtodas as minhas Obras, seguindo o preceito dos nossos antigos Mestres) comtalentos superiores aos meus, judiciosos, e de bom criterio, que comsinceridade me asseverárão que este Folheto levava vantagem ao primeiro. Siita est, fiat.

Não passárão de quatro até cinco genios mordazes, que não lhe podendo pôroutro defeito, forão publicando que a Obra não era minha, a ver se isto pegava,como pegou a moda do Tiro-liro por toda a parte. Ora vejão{IV}Vossas Mercês, pelo amor de Deos, que tal ficaria eu quando mo disserão! A Obranão será minha; mas o primeiro Folheto imprimio-se, e reimprimio-se, e eurecebi o producto de mil e quinhentos Folhetos. Talvez que estes individuoscampem melhor no público com cavallos emprestados, trastes, e dinheirosalheios, do que eu com versos de outrem! Nunca fui plagiario; antes os tenhoencontrado de obras minhas: e desde a primeira, que imprimi, que foi a Obra dosOpios, ainda não mudei de estilo; porque me não acho com forças, para imitar osGuindados do tempo.

Leitor, o primeiro paragrafo pertence-te, o segundo pertence aos quatro, oucinco Ruminadores, que com caracter de mal intencionados Zoilos, mastigão todaa qualidade de papel, como fazem os que enjoão pelo mar: e diz muita gente boaser isto hum remedio contra os enjôos; o que eu dou quasi por certo, porque jáo vi verificado em varias Senhoras, que são as que enjôão no mar com maisfacilidade.

Aqui acabou o Prologo de repente. Coitado! Ainda ha pouco tempo estava deperfeita saude! Que não somos nada neste mundo, este Prologo o prova; porque,tambem{V} na minha estimaç

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