BIBLIOTHECA ELYSIO

CAMILLO CASTELLO BRANCO

(Visconde de Corrêa Botelho)

O ROMANCE DE UM HOMEM RICO

TERCEIRA EDIÇÃO

COM UM PROLOGO DE

THOMAZ RIBEIRO

.... Connaitre la valeur de l'argent
et le sacrifier toujours, soit au devoir,
soit même à la délicatesse, c'est une
vertu réelle.

SENANCOURT (Rêveries).

PORTO

LIVRARIA ELYSIO

DE JOAQUIM ELYSIO GONÇALVES—EDITOR

282, Rua Formosa—R. Sta. Catharina, 198
1890

INDICE

PROLOGO DA TERCEIRA EDIÇÃO
PREFACIO DA SEGUNDA EDIÇÃO
INTRODUCÇÃO
CONCLUSÃO


PROLOGO DA TERCEIRA EDIÇÃO

«—Este foi o mais querido dos meus romances»

C. Castello Branco, Prefacio da
2a. edição do Romance d'um homem
rico.

Quando Camillo Castello Branco escrevia no seu livro dilecto estasentença:—«O homem não acha em si os alivios da razão quando osvicios lh'a degeneram», estava julgando a sua propria alma no tribunalaustero da consciencia.

Não vejam n'isto censura, os melindrosos por conta alheia.

O romancista, se não é um armador de encommendas, um preparador deeffeitos, um pintador de scenarios, um arranjador de visualidades, sesente como escreve, ao menos quando escreve, encarnando-se nos seuspersonagens, reconhecendo em si as paixões que lhes reconheceu ou quelhes attribuiu, se com elles ama, odeia, chora ou blasphema, faz como osabio, o martyr da medicina, que, para se convencer e para não falseara sciencia que professa, muita vez se envenena ou se dilacera.

Camillo era aqui o pensador, o philosopho, o analysador frio do seuexcepcional espirito, ora embaciado, a ponto de não vêr distinctamenteo objectivo da sua cogitação, ora transparente e brilhante, a dar-lhelucida a verdade, fôsse onde fôsse o esconderijo d'ella, fôsse qualfôsse a distancia em que demorasse.

Se o romancismo é mester, o escriptor é artifice; se é arte, se éacto impulsivo, o romancista é poeta.

Quando Camillo Castello Branco escrevia no seu romance maisquerido:—«Não sei que haja ahi outros incentivos que me chamem aosolhos as lagrimas do coração. Quem me quizer vêr chorar e vibrar denão sei que vehemente e religioso enthusiasmo, conte-me cazos danatureza d'aquelles: faça-me acreditar na existencia d'umas almas quevão entender-se com Deus por um raio esplendoroso da graça divina»,declarava-se não mesteiral mas poeta, e denunciava o genero da suapoesia.

E como quem diz:—o symptoma da sua doença.


Pois não têem sido apodados de—loucos—os poetas? Se loucuraé a desconformidade de actos ou de sentimentos com as regras da fria,pautadas e articuladas no codigo do senso-commum, vamos, que não têemos poetas muito de que se molestem no conceito da grande maioria dosseus contemporaneos; e mesmo da dos vindouros, os que deixam de si algumrasto de fatua phosphorescencia na travessia longa ou curta da suaderrota.

Loucura lucida, mas loucura incontestavel; loucura impulsiva eincuravel, nem sempre sem perigo para a sociedade, que os applaude e osescarnece, conforme a altura em que lhe vai a digestão.

A loucura de Tasso denunciada em vida, a de Petrarca reconhecida agora,a de Camões sentid

...

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