.... Connaitre la valeur de l'argent
et le sacrifier toujours, soit au devoir,
soit même à la délicatesse, c'est une
vertu réelle.
SENANCOURT (Rêveries).
PROLOGO DA TERCEIRA EDIÇÃO
PREFACIO DA SEGUNDA EDIÇÃO
INTRODUCÇÃO
CONCLUSÃO
«—Este foi o mais querido dos meus romances»
C. Castello Branco, Prefacio da
2a. edição do Romance d'um homem
rico.
Quando Camillo Castello Branco escrevia no seu livro dilecto estasentença:—«O homem não acha em si os alivios da razão quando osvicios lh'a degeneram», estava julgando a sua propria alma no tribunalaustero da consciencia.
Não vejam n'isto censura, os melindrosos por conta alheia.
O romancista, se não é um armador de encommendas, um preparador deeffeitos, um pintador de scenarios, um arranjador de visualidades, sesente como escreve, ao menos quando escreve, encarnando-se nos seuspersonagens, reconhecendo em si as paixões que lhes reconheceu ou quelhes attribuiu, se com elles ama, odeia, chora ou blasphema, faz como osabio, o martyr da medicina, que, para se convencer e para não falseara sciencia que professa, muita vez se envenena ou se dilacera.
Camillo era aqui o pensador, o philosopho, o analysador frio do seuexcepcional espirito, ora embaciado, a ponto de não vêr distinctamenteo objectivo da sua cogitação, ora transparente e brilhante, a dar-lhelucida a verdade, fôsse onde fôsse o esconderijo d'ella, fôsse qualfôsse a distancia em que demorasse.
Se o romancismo é mester, o escriptor é artifice; se é arte, se éacto impulsivo, o romancista é poeta.
Quando Camillo Castello Branco escrevia no seu romance maisquerido:—«Não sei que haja ahi outros incentivos que me chamem aosolhos as lagrimas do coração. Quem me quizer vêr chorar e vibrar denão sei que vehemente e religioso enthusiasmo, conte-me cazos danatureza d'aquelles: faça-me acreditar na existencia d'umas almas quevão entender-se com Deus por um raio esplendoroso da graça divina»,declarava-se não mesteiral mas poeta, e denunciava o genero da suapoesia.
E como quem diz:—o symptoma da sua doença.
Pois não têem sido apodados de—loucos—os poetas? Se loucuraé a desconformidade de actos ou de sentimentos com as regras da fria,pautadas e articuladas no codigo do senso-commum, vamos, que não têemos poetas muito de que se molestem no conceito da grande maioria dosseus contemporaneos; e mesmo da dos vindouros, os que deixam de si algumrasto de fatua phosphorescencia na travessia longa ou curta da suaderrota.
Loucura lucida, mas loucura incontestavel; loucura impulsiva eincuravel, nem sempre sem perigo para a sociedade, que os applaude e osescarnece, conforme a altura em que lhe vai a digestão.
A loucura de Tasso denunciada em vida, a de Petrarca reconhecida agora,a de Camões sentid