RARIDADE BIBLIOGRAPHICA
GAIA
ROMANCE
POR
JOÃO VAZ
PUBLICADO SEGUNDO A EDIÇÃO DE 1630 E ACOMPANHADO DE UM ESTUDO SOBRE ATRANSFORMAÇÃO DO ROMANCE POPULAR NO ROMANCE COM FORMA ERUDITA NOS FINS DOSECULO XVI
POR
THEOPHILO BRAGA
COIMBRA
IMPRENSA LITTERARIA
1868
VILLA NOVA DE GAIA
ROMANCE
POR
JOÃO VAZ
DE EVORA
PUBLICADO SEGUNDO A EDIÇÃO DE 1630 E ACOMPANHADO DE UM ESTUDO SOBRE ATRANSFORMAÇÃO DO ROMANCE ANONYMO NO ROMANCE COM FÓRMA LITTERARIA
POR
THEOPHILO BRAGA
COIMBRA
IMPRENSA LITTERARIA
1868
[III]Não se póde conhecer a litteraturaportugueza, ignorando o movimento das litteraturas da edade media da Europa;como a formaçao das linguas, do direito, da religião e das instituiçõessociaes, nenhum facto faz sentir tanto como a litteratura a unidade da granderaça neo-latina. Quasi todas as phases porque passaram as litteraturasitaliana, franceza, hespanhola ou provençal, quer na fórma das primeiraspoesias, nas novellas cavalheirescas, nas chronicas, ou nos contosdecameronicos, no romance popular, ou no sentimento da natureza despertadopela Renascença, tudo, tudo, abertamente o sustentamos, se encontra nalitteratura portuguesa.
Foi a poesia dos jograes que soltou os dialectos neo-romanos da sua gaguezpelo canto; em Portugal, os primeiros monumentos linguisticos que apparecemsão essas canções do seculo XII e XIII que os criticos não tem sabidoavaliar. Foi a poesia do povo, longo tempo desprezada pelas côrtesprovençaes, que os livreiros mercenarios dos principios do seculo XVIatiraram ao vulgo, recolhida em folhas volantes.
Foi assim que d'estas folhas dispersas se formaram os primeirosRomanceiros; Esteban de Najera, Martin Nucio, Andres de Villalta e Pedro deFlores juntaram os romances que andavam discarriados. A Silva devarios romances, de 1550, assignala a épocha da grande vulgarisação dosromances populares da Peninsula, que, ainda assim, para serem acceitos depoisde colligidos, precisaram de se arreiar com o titulo de Cancioneiro,então preconisado pelo gosto erudito e provençalesco. Por este tempo oCancionero de Romances é reimpresso em Portugal, sendo a maior partedos romances que cita já [IV]conhecida de GilVicente, e por conseguinte do povo portuguez. O Romancero do Cid deEscobar e a Primavera e Flor de Romances reproduziram-se tambem nosprelos portuguezes. O romance popular, simples de condição, franco, rude,tocava a verdade na sua espontaneidade mais divina; era narrativo, não sabiaabstrahir, dramatisava, accumulava as situações. Fôra preciso um geniosuperior para comprehender-lhe a ingenuidade profunda. Lope de Vega foi umdos primeiros que lhe deu importancia; começou por mostrar que o metrooctosyllabo servia para exprimir os mais altos pensamentos, e pôz em fórma deromance os passos dolorosissimos da Paixão. Após elle seguiu-se a turba dospoetas; Juan de la Cueba, Garci Sanches, Lasso de la Vega, S