LIVRARIA DO LAVRADOR
XXXII
JAYME DE MAGALHÃES LIMA
EUCALYPTOS E ACACIAS
Vinte annos de experiencias
PUBLICAÇÃO DO «LAVRADOR»
(PROPRIEDADE REGISTADA)
PORTO
Officinas do "Commercio do Porto"
102—Rua do "Commercio do Porto"—112
1920
[III]«Avaliando os lucros da silvicultura, dois factos devemos ter emconta: o consumo progressivo da madeira por cada habitante, em todo o mundo,apesar da introducção de materiaes que a substituem; e mais a exploração,destroço e destruição das florestas virgens pelo fogo, especialmente das quecontinham as madeiras de construcção mais importantes. D'aqui resultou já umaescassez apreciavel de offerta de madeira, como é manifesto pela firme subidade preços em todos os mercados e pela baixa de qualidade. Não parece possivelfugir á conclusão de que esta tendencia ha-de continuar a accentuar-se, e deque por todo este seculo temos a contar com uma subida de preços certa emuito consideravel. A segurança de collocação economica que a culturaflorestal offerece tem, por conseguinte, todas as probabilidades de serd'aquellas que vão melhorando com um augmento de lucros correspondente.»
[IV]Isto dizia um interessantissimo relatorio apresentado, em 1909, aoparlamento inglez, por uma commissão nomeada para dar parecer sobre variasquestões que se prendiam com o desenvolvimento da cultura florestal naInglaterra, de iniciativa e conta do Estado. E, se isto era uma verdade delarguissimo alcance então, antes da guerra, e indiscutivelmente o era, agora,depois do desperdicio colossal de madeiras a que acabamos de assistir, equando madeiras faltam para tudo, achamos o salutar aviso de homensintelligentes e auctorisados já posto em termos de demonstração práticaeloquentissima, com que a calamidade confirmou a previsão e o conselho.
Observa aquelle relatorio que as mattas, davam «um producto para o qualparecia haver uma procura quasi illimitada». Mas hoje o problema aggravou-se,a ponto de que não ha que discutir as possibilidades de procura que osproductos florestaes possam ter. Apenas teremos a cuidar de saber por quemodos se poderá attenuar a fome de madeiras que vai pelo mundo, eparticularmente na Europa, partindo do principio que a satisfação completa éde todo impossivel, tratando-se de uma riqueza que na melhor hypothese leva25 annos a criar e, em muitos casos,[V] aliás normaes, carece de 80 annospara se constituir capazmente.
Evidentemente, não ha caixa economica que, em segurança e rendimento, secompare com a plantação d'uma arvore. É capital posto muitas vezes a 100, 200ou 300% ao anno. Meu pai vendeu a 4$500 réis Eucalyptos de 20 annos,cuja plantação lhe havia custado a 40 réis cada um, ha muito tempo, quandoainda em Portugal se usavam libras; e eu vendi agora a 18 escudos australiasplantadas ha 17 annos, e postas na terra a menos de tostão cada uma. Oseconomistas costumam dizer que a exploração florestal é empreza a tão largopraso que não ha que fiar na paciencia e tenacidade individual, e deve serconfiada á administração do Estado e á sua persistencia. Mas, pois que muitascoisas fazemos sómente para deixar aos filhos, eu diria a quem podéssedispõr de um modestissimo peculio que comprasse uma le