O MARQUEZ DE POMBAL

Á LUZ DA PHILOSOPHIA

 

 

 

 

ANGELINA VIDAL

 

O MARQUEZ DE POMBAL

Á LUZ DA PHILOSOPHIA

 

 

 

 

LISBOA
IMPRENSA DA VIUVA SOUSA NEVES
65, Rua da Atalaia, 67
1882

 

 

 

A

 

CAMILLO CASTELLO BRANCO

 

 

 

 

ESCRIPTOR ILLUSTRE

Estamos em pleno jubileo.

Cada época traz o seu cunho caracteristico de exagero, e tristes dos quese affoutam a soltar qualquer nota discordante no concerto da lisonjapublica.

No meio d'este anemico paiz vibra ainda uma corda vocal, a ultima--é amaledicencia. Este facto pathologico é porém de modo tal inoffensivo, queminuciosamente estudada a sua etiologia, conclue-se que por unicatherapeutica deve applicar-se-lhe o despreso.

Insultar é uma necessidade tão inherente ao organismo patrio, que se oindigena não houvera a quem fazel-o, insultar-se-hia a si mesmo.

Não se combatem principios; oppõem-se abusos a abusos; á communhão daLiberdade não se admittem cerebros livres; tem de annullar-se a consciencia,em honra do opportunismo.

Para ser-se immortal pedem-se as credenciaes aos monarchas daopinião, e inscreve-se o pretendente nos clubs do elogiomutuo; não é economico, porque importa a dignidade dos candidatos; mas custamenos do que fazer-se eleger deputado de qualquer partido.

Eu porém affasto-me dos microscopicos fetiches, para venerar tão só osprivilegiados do talento, e tenho bastante valor para arrostar com os desdensdo enfatuamento ignaro. Democrata convicta, e evangelisadora do livreexame--em ethica, sciencia, e politica, manifesto amplamente as opiniões domeu espirito, com a altiva independencia de quem se habituou a superar osdiques verminosos da sórdida mesquinhez.

Por isso estendo fraternamente a mão ao glorioso mestre da patria lingua,e saudando o fecundo engenho do athleta da litteratura portugueza,offereço-lhe despretenciosamente estes humildes versos.

Lisboa 30 de abril de 1882.

Angelina Vidal.

 

 

 

I

Um côro de ovações se eleva norte a sul;
No seio do paiz, palpita a festa ingente,
Mil eccos de alegria ondulam pelo azul,
E a vaga popular circula vivamente.
Que enorme vibração aos tristes galvanisa?
Que fado deslumbrante a Patria considera?
Una rasgo de valor que um mundo synthetisa?
Um estro que irradia a Gloria pela esphera?
Um Genio que assombrasse o coração do mundo?
Talvez Dante ou Camões, talvez um Diderot,
Ou Bacon, ou Voltaire o destructor profundo,
Feurbach ou Galileo, Danton, Goethe, Rousseau?
Oh não! A Patria canta o athleta da Realesa,
O Hercules pujante, o pulso sem rival
Que punha até por terra as leis da Naturesa,
Mas que tambem erguia a fama Nacional.
Thuribulisem pois o nome do gigante,
Incensem sem descanço o esteio da corôa,
O facho da instrucção, o genio penetrante,
Que de um montão de cinza ergueu nova Lisboa!
...

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