DO AUCTOR

A Moral na Religião e na Arte.

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  —«O Amorfundiu em mim—Deus, Perversão, Desgraça...

  O Bem e o Mal deram afigura que sou—um bronze de sentimento. Realizo o genio sensual dahumanidade nevrosada e a vida suave de toda a Belleza humilde! SouShakspeare e Bandarra:—tenho no peito o cachoar tragico da muitamiseria e altanaria heroica, que o inglês referveu em dramasque são a perpetuidade da Dor-genio; e, ao mesmo tempo, asimpleza ingenua da amargura delida por uma quasiinconsciencia—aquelle extranho sentir dos loucos que têem osestro de viver alegres as suas e as tragedias dum povo, os belloscrimes, como as grandes melancholias dumaraça!...»

Da Elegia da Morte.

MARIA PEREGRINA.

[9] 

I

MARIA PEREGRINA

Encontrei-a indolente, distrahida, em viagem pelo Minho.

Estou a vê-la!—mulher de trinta annos, cabellos negros,olhar ennevoado, sombrio, sobrancelhas luzentes, labios finos,mostrando a espaço os dentes brancos, rosto moreno, talhadoem linhas puras, modelo de bronze precioso de casa antiga, comademanes de adolescente e artista. Acompanhava-a uma extrangeiramais nova, de cabellos e olhos castanhos, muito branca, bocapequena, duma belleza vulgar, que abria em riso ingenuo, araventureiro de quem segue por um mundo de acaso, ao caprichodoutra, da companheira, que a envolvia, ás vezes, num largoolhar complacente e tenebroso.

Percebi entre as duas a mais esquisita intimidade, a que asegunda parecia dar-se passivamente, [10]mas alegre, por comprazer, numagenerosidade estulta de pessima lassidão. Iam quasi ávontade na carruagem, indifferentes áobservação extranha, longe do mundo em que viviam,trocando olhares perversos, duma sensualidade doentia, ali,á face de desconhecidos, que só excepcionalmentepodiam acceitar com benevolencia a vida que denunciavam.

Maria Peregrina pareceu-me uma esgotada, figura confusa, acontas com desequilibrios intimos, que lhe reflectiam fadiga eexotismo.

Eu sentára-me em frente da mais nova—a extrangeira deolhos côr de burel, muito apertada num costume de viagem,exaggeradamente cingido, de geito a denunciar-lhe as formasregulares, irreprehensiveis.

Quando entrei tinha ella sobre o logar que eu devia occupar umacaixa de couro negro, a que prendiam duas correias, unidas por umafivela. Era a caixa do binoculo de tartaruga com lavrados de oiroque Peregrina tinha na mão.

Á minha chegada, a extrangeira levantou a caixa. E, comonão visse melhor logar, lançou-a ao hombro esquerdo,com a correia.

Maria Peregrina inte

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