Nota de editor:Devido àexistência de erros tipográficos neste texto,foram tomadas várias decisões quanto àversão final. Em caso de dúvida, a grafia foimantida de acordo com o original. No final deste livroencontrará a lista de erros corrigidos.

RitaFarinha (Dezembro 2013)





CINCO MINUTOS









J. DE ALENCAR





CINCO MINUTOS





EDIÇÃO ESPECIAL





RIO DE JANEIRO

Typ. Mont'Alverne—Rua do Ouvidor 82

1894





A D***




I



É uma historia curiosa a que lhevou contar, minha prima. Mas é umahistoria, e não um romance.

Ha mais de dous annos, seriam seishoras da tarde, dirigi-me ao Rocio paratomar o omnibus de Andarahy.

Sabe que sou o homem o menospontual que ha n'este mundo: entre osos meus immensos defeitos e as minhaspoucas qualidades, não conto a pontualidade[6]essa virtude dos reis, e essemão costume dos Inglezes.

Enthusiasta da liberdade, nãoposso admittir de modo algum que ohomem se escravise ao seu relogio e reguleas suas acções pelo movimento deuma pendula.

Tudo isto quer dizer que, chegandoao Rocio, não vi mais omnibus algum;o empregado á quem dirigi-me respondeu:

—Partio ha cinco minutos.

Resignei-me, e esperei pelo omnibusde sete horas.

Anoiteceu.

Fazia uma noite de inverno frescae humida: o céo estava calmo, mas semestrellas.

Á hora marcada chegou o omnibus,e apressei-me á ir a tomar o meulugar.

Procurei, como costumo, o fundodo carro, afim de ficar livre das conversasmonotonas dos recebedores, que[7]de ordinario têm sempre uma anecdotainsipida á contar, ou uma queixa á fazersobre o máo estado dos caminhos.

O canto já estava occupado por ummonte de sedas, que deixou escapar-seum ligeiro farfalhar, conchegando-separa dar-me lugar.

Sentei-me; prefiro sempre o contactoda seda á vizinhança da casimiraou do panno.

O meu primeiro cuidado foi ver siconseguia descobrir o rosto e as fórmasque se escondiam n'essas nuvens deseda e de rendas.

Era impossivel.

Além de estar escura a noite, ummaldito véo cahido de um chapéozinhode palha não me deixava a menoresperança.

Resignei-me, e assentei que o melhorera cuidar de outra cousa.

Já o meu pensamento tinha-se lançadoá galope pelo mundo da fantasia,quando de repente foi obrigado á voltar[8]por uma circumstancia bem simples.

Senti no meu braço o contacto suavede um outro braço, que me pareciamacio e avelludado como uma folha derosa.

Quiz recuar, mas não tive animo;deixei-me ficar na mesma posição, escismei que estava sentado perto deuma mulher que me amava e que seapoiava sobre mim.

Pouco e pouco fui cedendo áquellaattracção irresistivel e reclinando-meinsensivelmente: a pressão tornou-semais forte; senti o seu hombro tocar deleve o meu; e por acaso encontrei umamãozinha delicada e mimosa quedeixou-se apertar á medo.

Assim, fascinado ao mesmo tempopela minha illusão e por este contactovoluptuoso, esqueci-me, á ponto que,sem tino do que fazia, e, favorecidopela obscuridão, passei-lhe a mão pelacintura e cerrei seu talhe delicado.

[9]Ella soltou um grito, que foi tomadonaturalment
...

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